Estrada de Ferro Leopoldina: A história de três Estados ao longo de 132 anos
A companhia acompanhou o desenvolvimento e a decadência de uma vasta região abrangendo três estados: Zona da Mata mineira, Espírito Santo e Rio de Janeiro, para não falar da ex-Guanabara, ex-DF.
Nasceu em 1872, por iniciativa do Imperador, na forma de uma companhia de capitais ingleses e brasileiros — Companhia Estrada de Ferro Leopoldina — para ligar Porto Novo do Cunha, sua primeira sede, próximo a Além Paraíba, às cidades de Leopoldina e Santa Rita da Meia Pataca, hoje Cataguases.
No ano seguinte, a CEFL inaugurava as três primeiras estações em São José, Pântano e Volta Grande, mas só em 1877 completou 120 km de linha, chegando a Leopoldina e a Cataguases.
Por Decreto Federal de 1889, a Cia. EF Leopoldina teve incorporadas ao seu patrimônio:
-
EF Itapemirim (Santo Eduardo a Cachoeiro do Itapemirim)
-
Central de Macaé e Glicério
-
Prolongamento de Araruama
-
Trecho de Triunfo a Manoel de Morais
-
Ramal de Sumidouro, de Melo Barreto a Sumidouro
-
Linha do Norte, de São Francisco Xavier a Entroncamento
-
Linha do Grão Pará, de Mauá a São José do Rio Preto
-
EF Cantagalo, de Niterói a Macuco
-
Linha Macaé-Campos
-
Conde de Araruama
-
Campos a São Fidélis
-
São Fidélis a Pádua
-
Pádua a Miracema
-
Campos a São Sebastião
-
Linha de Carangola
-
Porto Novo do Cunha a Saúde
-
Ramal de Pirapetinga
-
Ramal do Alto Muriaé
-
Patrocínio a São Paulo de Muriaé
-
Leopoldina a Vista Alegre
-
União Mineira
-
Ramal de Rio Novo
-
Ramal do Pomba
-
Ramal do Paraoquena
A compra de várias linhas a preços absurdos, a multiplicidade de bitolas e a má administração levaram a CEFL à liquidação em 1897. No ano seguinte nova empresa foi organizada em Londres, The Leopoldina Railway, para assumir os mais de 2.100 km de linhas já incorporadas à ferrovia.
Em 1907, a Leopoldina adquiriu a EF Sul do Espírito Santo e a EF Caravelas, do sul da Bahia a Araçuaí (MG). Em 1926, por pressão do governo, finalmente inaugurou a estação definitiva da empresa no Rio de Janeiro, o edifício Barão de Mauá.
Em 1950 a companhia foi encampada por Lei, passando ao Ministério da Viação e Obras Públicas com o nome de Estrada de Ferro Leopoldina, e em 1957 integrou a RFFSA, em criação.
A decadência da região da Leopoldina começou com o início do ciclo do café em São Paulo e acentuou-se após a Abolição. O desenvolvimento da cana-de-açúcar em São Paulo acelerou também a decadência econômica do Norte Fluminense e de Campos. Leite, sal (região dos lagos), banha, charque, banana compunham algumas das mercadorias incríveis transportadas à época.
Além das oficinas de Porto Novo do Cunha, ampliadas em 1880, a Leopoldina tinha em 1952 seis oficinas em Alto da Serra, Imbetiba, Cachoeiras do Macacu, Bicas, Niterói e Barão de Mauá (Rio), além de 21 depósitos de locomotivas, o mais importante em Campos (RJ). O relatório desse ano indica que foram reparados 3.353 vagões, 441 carros e várias locomotivas.
Entre as linhas da EFL, estava a mais antiga do Brasil, de Guia de Pacobaíba, ao fundo da baía da Guanabara, até a raiz da serra de Petrópolis — a EF Mauá de 1854.
Texto: http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias/EFL/Leopoldina.Resumo.Historico.shtml
Mapa: http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias/mapas/1965-Estrada-de-Ferro-Leopoldina.shtml - clique na imagem acima para ampliar